
Em pleno Inverno, num dia de chuva e nevoeiro fui conhecer um pouco da bela região do Douro Vinhateiro. É aqui que estão enraizadas as melhores uvas e, claro, os melhores vinhos. É considerada pelos turistas estrangeiros como uma das regiões mais bonitas do mundo. Na minha opinião, o Douro Internacional é de uma beleza de outro nível. Há 20 anos, a UNESCO classificou o Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade. O destino deste dia era conhecer alguns pontos de interesse de um dos seus municípios: Vila Nova de Foz Côa!
Douro Vinhateiro a Foz Côa
O dia começou bem cedo, com partida de Gaia às 8h00 da manhã. Segui viagem num autocarro turístico. O motorista guiou-nos pela A4 até chegarmos Régua. Daí ele tomou a graciosa N222 e a viagem tornou-se então num passeio de arregalar os olhos. Até ao Pocinho o caminho foi muito agradável. Surgiam curvas e contra curvas. E quase sempre a par do rio, dando uma vista preveligiada da região vinhateira tão afamada. Mesmo com mau tempo, a beleza das paisagens não descuram. O percurso demorou 2h45.
Nesta aldeia foi contruída uma das famosas barragens do Douro: a Barragem do Pocinho. Por aqui atravessam os cruzeiros que ligam a Régua ao Pocinho ou a Barca D’Alva. Na sua albufeira pode-se pescar, fazer vela e sky aquático. Há também caminhos pedestres, muito bem sinalizados, mais frequentados na época das amendoeiras em flor. A aldeia é bastante pequena e pouco desenvolvida. A maioria da sua população é idosa, vive nas proximidades da estação e ao longo da encosta sobre o rio.
Em tempos a aldeia foi mais agitada, mas desde o encerramento do troço que ligava o Pocinho a Barca D’Alva e Espanha, tornou-se quase um deserto. Desde 1988 que o Pocinho é a estação terminal da Linha do Douro. Por aqui passa um comboio apenas cinco vezes por dia. Aqui ainda reside a tradição de o Chefe da Estação assobiar o apito e abanar a bandeira como sinal de partida do comboio. Agora, apesar de o Pocinho ser um lugar lindo e sereno, é apenas um local de passagem.
Vim ao Pocinho para uma visita rápida pelas redondezas e para espreitar as instalações privadas de uma produtora de vinho do Porto. Não podia deixar escapar a oportunidade de ver pessoalmente um local de armazenamento do vinho. Para obter-se vinho há que atravessar um complexo processo de produção. Assim sendo, vou resumir tudo aquilo que aprendi sobre a vinificação.
Visita a uma Produtora de Vinhos
Antigamente, as uvas eram extraídas para cestos, que iam para as adegas para serem pisadas. Posteriormente, esse sumo ía para os tonéis que eram levados nos barcos rabelos até Vila Nova de Gaia, onde ainda aí permanecem as caves. Agora o processo é mais longo e envolve mais técnicas.
A vindima acontece entre Agosto e Outubro, fazendo-se a colheita das uvas. Depois há a separação dos ramos do cacho e o esmagar que liberta o sumo. Consoante o tipo de vinho pretendido (ex.: Ruby vs Tawny), o sumo das uvas é transferido para barricas de madeiras ou cubas de inox. Chega então a fase da fermentação: o açúcar das uvas transforma-se em álcool através da ação de enzimas liberadas pelas leveduras. Posteriormente, o vinho é transferido para cubas/barricas novas para o processo de envelhecimento até à sua maturação. Este período pode ser mais curto ou longo, dependendo do tipo de vinho pretendido.
Durante a maturação, o vinho sofre alterações de cor, aroma e de sabor. Nesta fase surge naturalmente a acumulação de resíduos no fundo e torna-se necessária a filtração e eliminação dessas bactérias para o vinho chegar perfeito até nós. Alguns produtores preferem engarrafar os vinhos sem filtração. Por fim, o vinho é engarrafado e vedado com rolha de cortiça, sintética ou tampa de rosca. Após engarrafamento, as garrafas são rotuladas e colocadas para distribuição.
Depois da visita guiada e da história do vinho e da produtora local ainda tive direito a uma prova! Fui muito bem recebida! Se ficaste com dúvidas podes informar-te melhor no site do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).
A época das vindimas é a altura em que mais turistas chegam à região do Douro Vinhateiro. Muitos procuram as quintas produtoras de vinho que ofereçam toda a experiência. Desde a apanha da uva, ao pisar delas nos lagares, e por fim, a degustação.
Além do vinho, a gastronomia regional também é muito procurada para encher a barriga. E foi isso o que eu fiz! Segui viagem em direção a Vila Nova de Foz Côa.
Para além dos autocarros na época das vindimas e das amendoeiras em flor, também podes vir de carro. Mas uma das viagens mais bonitas pelo Douro Vinhateiro é feita a bordo do Comboio Miradouro. Podes ir de comboio até à Régua e depois, apanhar o Comboio Histórico até ao Pinhão.
Pelo caminho passei por vales de paisagens maravilhosas sobre o rio. Fiz uma breve paragem no Miradouro Costa de Prata e só parei novamente no restaurante Museu do Côa.
O Museu fica no cimo de um vale oferecendo a todos uma vista absolutamente linda. Há um heliporto a poucos metros. Nunca tinha visto um. Junto à entrada do edifício, tudo ao nosso redor é de admirar. Uma sensação de serenidade conforta-nos o coração. Ouve-se o silêncio e pouco mais. FANTÁSTICO!
Restaurante Museu do Côa
Se gostas de experimentar a gastronomia regional não podes deixar de conhecer o Restaurante instalado em pleno Museu do Côa. Tem uma vista priveligiada para o Parque Arqueológico de Arte Rupestre, e tem apontamentos de videiras, oliveiras e amendoeiras.
O restaurante é um espaço simples, requintado e muito agradável. É feito de paredes vidradas e transparentes abertas para uma paisagem de cortar a respiração. O restaurante, tem uma carta variada, de pratos de carne e de peixe, da cozinha transmontana com um toque sofisticado.
Para começar a refeição deliciei-me com uma variedade de entradas que partilhei com outras pessoas. Bolinhos de bacalhau, camarão com molho de cebola e vinho do porto, cogumelos recheados de alheira, queijos da serra e enchidos regionais do Parque do Montesinho. Para o prato principal eu escolhi carne. Serviram-se uma posta de vitela com batata grelhada, ananás e grelos salteados. Pedi permissão à pessoa ao meu lado para fotografar o seu prato de peixe. Bacalhau assado com crosta de broa, acompanhado de batata grelhada. Para terminar em beleza, nada melhor que adoçar a boca. A sobremesa escolhida foi gelado de nata sob uma bolacha e amêndoa crocante. DELICIOSO!
No final paguei cerca de 15€. Normalmente não gasto tanto dinheiro numa refeição mas tratava-se de uma ocasião especial. De barriga cheia, saí para o terraço do restaurante para uma última lufada de ar fresco invernal.
Se gostas de locais únicos, para uma refeição especial do melhor da gastronomia doriense, no Restaurante Museu do Côa terás uma experiência única!
Depois do almoço a melhor forma de aliviar a barriga cheia é percorrer as galerias do Museu do Côa.
Museu do Côa
Em Vila Nova de Foz Côa podes conhecer o Parque Arqueológico do Vale do Côa. Nele encontrarás pinturas rupestres que retratam a História do nosso território que o Homem gravou na pedras há mais de 20 mil anos.
O Museu do Côa é uma parte estrutural do Parque. Neste espaço é promovido o património histórico e cultural do Sítio Pré-histórico de Arte Rupestre do Vale do Rio Côa, reconhecido pela UNESCO como Património Mundial. As salas de exposição do museu dão um destaque especial às gravuras rupestres que remontam há era do Paleolítico. Este museu proporciona aos seus visitantes uma viagem no tempo. Para quem gosta de história, biologia e geologia, esta é uma atividade a não perder!
Como vês, há um leque de motivos excelentes para visitar o Douro Vinhateiro!