Douro Internacional: uma escapadinha por aldeias e miradouros

Douro Internacional

Todo o parque do Douro Internacional é o ambiente perfeito para uma escapadinha romântica. E também para qualquer viajante que goste de explorar a natureza selvagem. Este programa enquadra-se perfeitamente num roteiro de dois dias bem preenchidos visitando algumas aldeias e miradouros, enquanto desfrutas do sossego e da beleza das suas paisagens.

Douro Internacional: Roteiro de 2 dias

Sempre ouvi falar do Douro Vinhateiro pois, possívelmente, é aquele que é mais conhecido e visitado. Associo-o aos vales majestosos junto às margens do rio Douro, às suas quintas com hectares de videiras, às vindimas e à degustação de vinho do Porto.

Recentemente também descobri a beleza dos Lagos do Sabor. Os lagos que nasceram da construção da barragem sobre o rio Sabor são de um azul intenso. Percorrer as estradas ladeadas por curvas e vales que ligam parte de trás-os-montes é um autêntico encanto.

Há cerca de um ano deparei-me com a existência de um outro Douro. Apesar de ser menos turístico, é mais selvagem e com paisagens lindas de fazer cortar a respiração. O Parque Natural do Douro Internacional abrange os concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Castelo Rodrigo. Ao todo são cerca de 122 km de troço fronteiriço do Rio Douro, entre Portugal e Espanha.

Tinha planeado fazer esta roadtrip na primavera durante a época da amendoeira em flor. Contudo, com os imprevistos do último ano tive de adiar. Decidi aventurar-me e fui lá com a minhã irmã no pico do Verão. Com partida de Ovar, todo o percurso que fiz totalizou os 700 km.

Segue abaixo o mapa com o roteiro completo desta viagem. Para veres o mapa e a rota em detalhe clica para abrir o Google Maps.

Douro Internacional – Dia 1

O primeiro dia começou cedo pois tinhamos muitos kms até ao primeiro destino.

Castelo Rodrigo

Chegamos a Castelo Rodrigo a meio da manhã. Esta é uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal e, por isso, é de visita obrigatória. A aldeia é pequena, antiga e tem relativamente poucos habitantes. Por essa razão não havia grande movimento por ali. Mas havia muita beleza e tranquilidade.

Logo à entrada da aldeia deparo-me com um charmoso café: o Páteo do Castelo. Já passavam das 10h por isso não resisti a entrar e tomar um pequeno almoço levezinho. Eu e a minha irmã ficamos super felizes quando nos dirigimos às traseiras onde estava a esplanada. O espaço tem uma vista fantástica sobre a aldeia e a Serra da Marofa. Aqui há também uma loja, o Sabores do Castelo, com uma variada oferta de amêndoas.

Deambular pelas ruas desta aldeia é verdadeiramente um encanto porque as casas e ruas são construídas em pedra de tons laranja, castanho e cinza. Este é um estilo arquitectónico que nos remonta para a época medieval. Mas não me demorei muito, nem vi todos os pontos históricos de Castelo Rodrigo. Decididamente que merecem ser vistas e relembradas as Muralhas em ruínas mas, não tendo eu mais tempo para explorar, passei apenas pela Igreja Matriz, pela Cisterna Medieval e por fim no Palácio Cristóvão de Moura.

Porta do Sol da aldeia histórica
Castelo Rodrigo
Ruas e casas em pedra da aldeia

Miradouro do Alto da Sapinha

Já perto da hora de almoço, decidi rumar até ao Miradouro do Alto da Sapinha. Se conduzirmos distraidamente mal nos apercebemos dele. É um pequeno ponto de paragem, com espaço para três ou quatro carros. Ainda assim este miradouro é um marco de elevada importância. É aqui que vislumbramos, pela primeira vez, o rio Douro. Oficialmente é aqui o marco de início/fim do Douro Internacional.

A primeira coisa que me despertou o olhar foi um casal de turistas franceses. Tinham um excelente equipamento fotográfico: um tripé alto e uma câmara com teleobjetiva. Enquanto eu admirava a paisagem e procurava no ar alguma águia ou grifo a sobrevoar, o homem gentilmente nos cumprimentou e perguntou-nos se queriamos ver a imagem que ele estava a captar na câmara. Com imensa curiosidade, aceitei. E não é que ele tinha na mira um abutre, em grande ampliação, pousado na beira das escarpas do lado fronteiriço de Espanha!? A olho nu não se via nada mas foi verdadeiramente fascinante este momento. Ficamos mais uns instantes a admirar a vista.

Deste miradouro vê-se também ao longe Barca d’Alva. E era mesmo para lá que íamos a seguir.

Douro Internacional
Miradouro do Alto da Sapinha
Douro Internacional
Turista a observar abutres nas arribas do Douro Internacional

Barca d’Alva

Chegando a Barca d’Alva, estacionei junto ao cais e, procurei um espaço para almoçar. Achei estranho a aldeia estar deserta mas quando perguntei a um habitante local percebi que era normal. Este lugar é, para a maioria dos visitantes, apenas um local de passagem. Mas, ao contrário das ruas vazias, os poucos restaurantes dali estavam cheios.

Como gosto de espaços mais tranquilos optei pelo Chico’s Bar. Apesar de ter uma decoração antiga, o espaço era amplo, a empregada era muito prestável e o bitoque enchia o prato e atestou bem a minha barriga.

Depois do almoço aproveitei uns breves momentos para espreitar o Cais Fluvial onde encontrei alguns barcos atracados. Aqui chegam cruzeiros turísticos do Douro, com partidas de Porto e Régua. Caso queiras saber as opções existentes, pesquisa os operadores turísticos Tomaz do Douro e BarcaDouro.

A poucos passos dali descobri a abandonada estação ferroviária da antiga Linha do Douro. Esta linha, apesar de encerrada, continua em direção a Espanha. Curiosamente é aqui que tem início o famoso trilho pedestre da Rota dos Túneis que liga Barca d’Alva a La Fregeneda. No século XIX, este troço foi considerado uma das maiores construções da engenharia ferroviária da Península Ibérica.

Barca d'alva
Ponte de Barca d’Alva
Barca d'alva
Cais fluvial de Barca d’Alva

Miradouro de Penedo Durão

A próxima paragem seria o ponto mais alto do dia. Após curva e contra curva, sempre a subir, eis a chegada ao Miradouro de Penedo Durão. Pessoalmente, é dos melhores miradouros do Douro Internacional. Tem uma excelente estrutura de apoio com estacionamento amplo e plataformas de observação bem cuidadas e seguras. Para minha surpresa e satisfação tem também um espaço de merendas com mesas, bancos e árvores que dão sombra em dias de maior calor.

Este miradouro é um local priveligiado para a observação de aves selvagens. Aqui são frequentes as aparições de grifos, abutres, águias e falcões. Estas aves sobrevoam o vale junto às escarpas rochosas pois ao lado do miradouro há um alimentador de aves implementado pela ATN. Lá em baixo, vê-se ao longe a Barragem de Saucelle que limita o nível de água que passa do rio Douro. A toda à volta destacam-se também os campos de vinhas e olivais, tão característicos da região.

Penedo Durão é lindo, mesmo maravilhoso!

Barragem de Saucelle vista do miradouro
Espaço de merendas de Penedo Durão
Paisagem sobre o douro no Miradouro de Penedo Durão

Hotel D. João III – Miranda do Douro

Depois desta fantástica vista estava na hora de irmos para o último destino. Chegamos ao final do dia a Miranda do Douro. Decidi ficar alojada nesta localidade para aproveitar bem o dia seguinte.

Fizemos o check-in no Hotel D. João III e ficamos no alojamento a descansar. O hotel fica a 15 minutos a pé do centro histórico. De estilo rústico destaco a fachada em pedra do hotel. Jantamos na esplanada do restaurante do hotel. Comida caseira e rápida. Na ementa há omeletes, saladas de massa, pizzas e frango churrasco e bolo caseiro à fatia. Optamos por pizza e salada. A comida estava boa. Pensei na sobremesa mas já não havia espaço no estômago. Deitamo-nos cedo pois no dia seguinte esperava-nos mais um passeio.

Douro Internacional – Dia 2

Um novo dia chegou. Por isso, começamos por carregar as energias com um bom pequeno almoço.

Miranda do Douro

Apesar de ter pouco tempo, tinha de visitar Miranda do Douro. É rica em património histórico. Curiosamente, fala-se Mirandês, a 2° língua oficial portuguesa, mas poucos a pronunciam.

Deixei o carro junto aos escombros das Muralhas e começamos a caminhar pelas rua à descoberta. Depois de algumas vielas com comércio local, chegamos à Praça D. João III. Este centro histórico é marcado pela presença das Estátuas de um casal mirandês, do Posto de Turismo, do Museu da Terra de Miranda e da Câmara Municipal.

Uns passos mais à frente descobri a Concatedral de Miranda do Douro e, por trás, as Ruínas do Paço Episcopal. No entanto, de tudo o que vi, o que mais apreciei foi o Castelo.

Quem diria que havia tantos lugares bonitos aqui?

Entrada pincipal com destaque para as muralhas em ruínas
Estátuas de um casal mirandês
Concatedral – a Antiga Sé
Posto de Turismo e Museu da Terra de Miranda
Castelo de Miranda do Douro
Outra perspetiva do Castelo

Cruzeiro Ambiental

Tinha curiosidade em fazer o Crucero Ambiental des Arribes com a empresa espanhola que exclusivamente organiza estas excursões pelo rio Douro. Queria ver de perto as escarpas acentuadas das arribas. Como o cruzeiro demorava 2h decidi não o fazer pois não tinha tempo para tudo. Com pena, este cruzeiro ficará para uma próxima, por isso apenas captei fotos de longe.

Voltamos ao hotel para o check-out mas antes de seguirmos viagem aproveitamos e comemos um almoço rápido.

Entrada para a “Estación Biológica Internacional Duero-Douro” (EBI)
Vista para as infra-estruturas turísticas do cruzeiro ambiental

Miradouro de São João das Arribas

De Miranda do Douro rumei em direção ao Miradouro de São João das Arribas. Confesso que, ao chegar, senti um nervoso miudinho. A estrada para lá é em terra batida, com muitos buracos e com uma descida bem acentuada, pelo meio de muito arvoredo. Por precaução preferi parar o carro a meio e descemos uns 600m a pé.

Já ao longe via-se a Capela e o Castro de S. João que estão ao lado do miradouro. Lá encontrei um grupinhos de pessoas a contemplar a paisagem. Na zona do miradouro o precipício é notável. Aproximei-me o suficiente para espreitar o rio lá em baixo. Depois então sentei-me e fiquei a apreciar a imponência das arribas. É verdadeiramente impressionante! As arribas são tão altas que só vemos o rio Douro quando nos aproximamos dos penhascos.

Placa informativa do miradouro
Miradouro de São João das Arribas

Miradouro da Fraga de Puio

Por fim fui presenteada com o maravilhoso Miradouro da Fraga de Puio. Para lá chegar atravessamos a aldeia de Picote, igualmente bonita e especial. É de fácil acesso, mas só as viaturas ligeiras conseguem aceder. Aqui senti um turbilhão de emoções.

Este miradouro foi gloriosamente sujeito a obras de requalificação. Implementaram uma plataforma de observação com o chão em vidro. Este bónus foi, sem dúvida, o mote de atração das várias pessoas que ali encontrei, ao contrário dos outros miradouros que estavam quase desertos. Mas, verdade seja dita: a nova estrutura permite contemplar a extraordinária curvatura do rio Douro em torno das acentuadas arribas graníticas.

Talvez por esta razão, o Miradouro da Fraga de Puio é, aclamado como um dos melhores lugares de observação do canal do rio do Douro Internacional.

Miradouro da Fraga de Puio
Plataforma de observação em vidro
Vista panorâmica do miradouro

Adorava ficar mais um dia mas tinha de regressar a casa.

Se tens uma grande paixão pela natureza sem o impacto do turismo em massa, então o Douro Internacional é perfeito para ti! Já tinha ficado impressionada com fotografias de outros bloggers, por isso depois desta escapadinha fiquei rendida.

Quero voltar para conhecer outros miradouros mas, desta vez, espero encontrar as amendoeiras em flor pelo caminho.

Cristina
Cristina

Apaixonada por viagens.
Deliciada pela Gastronomia.
Fotografa Paisagens e Comida.

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